Ciganos |
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Bandeira do povo rom. |
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(da esquerda para a direita):
Grigoraş Dinicu, Drafi Deutscher, Charlie Chaplin, Isabel Pantoja,
Ricardo Quaresma, Ceija Stojka, Džej Ramadanovski, Irini Merkouri |
População total |
Mais de 5 milhões no mundo[1]
ou
6-11 milhões no mundo[2] |
Regiões com população significativa |
Espanha | 650.000
(1,62%) | [3] |
Roménia | 535.140
(2,46%) | [4] |
França | 500.000
(0,79%) | [5] |
Bulgária | 370.908
(4,67%) | [6] |
Hungria | 205.720
(2,02%) | [7] |
Grécia | 200.000
(1,82%) | [8] |
Sérvia | 108.193
(1,44%) | [9] |
Reino Unido | 90.000
(0,15%) | [10] |
Eslováquia | 89.920
(1,71%) | [11] |
Macedónia | 53.879
(2,85%) | [12] |
|
Línguas |
Romani, línguas da região nativa |
Religiões |
Cristianismo
(Ortodoxo, Catolicismo, Protestantismo),
Islã,
Shaktismo[13] |
Grupos étnicos relacionados |
Indo-áricos |
Ciganos é um
exônimo para
roma (singular:
rom; em português, "homem") e designa um conjunto de populações
nômades que têm em comum a origem
indiana e cuja língua provinha, originalmente, do noroeste do
subcontinente indiano.
Essas populações constituem
minorias étnicas em inúmeros países, entre a Índia e o Atlântico, e são conhecidas por vários exônimos. O
endônimo "rom" foi adotado pela União Romani Internacional ( em
romani:
Romano Internacionalno Jekhetanipe) e pelas
Nações Unidas.
[14]
Na Europa, esses povos, de origem indiana e
língua romani, são subdivididos em diversos grupos étnicos:
- Rom ou roma propriamente ditos, presentes na Europa centro-oriental e, a partir do século XIX, também em outros países europeus e nas Américas;
- Sinti, encontrados na Alemanha, bem como em áreas germanófonas da Itália e da França, onde também são chamados manoush;
- Caló, os ciganos da Península Ibérica, embora também presentes em outros países da Europa e na América, incluído o Brasil.
- Romnichals, principalmente presentes no Reino Unido, inclusive colônias britânicas, nos Estados Unidos e na Austrália.
Além de migrarem voluntariamente, esses grupos também foram historicamente submetidos a processos de
deportação, subdividindo-se vários
clãs, denominados segundo antigas profissões procedência geográfica, que falam línguas ou dialetos diferentes.
[15]
História
Rotas migratórias do povo cigano pela Europa.
- Em razão da ausência de uma história escrita, a origem e a história inicial dos povos roma foram um mistério por muito tempo. Até meados do século XVIII, teorias da origem dos roma se limitavam a especulações. No final do século, antropólogos culturais levantaram a hipótese da origem indiana dos roma, baseada na evidência linguística - o que foi posteriormente confirmado pelos dados genéticos.
Em
1777,
Johann Christian Cristoph Rüdiger, professor da
Universidade de Halle, na
Alemanha, em carta ao
linguista Hartwig Bacmeister, sugere uma possível ligação entre o
romani e as
línguas da Índia. Rüdiger baseava suas conjecturas em pistas fornecidas pelo próprio Bacmeister e por seu professor, Christian Büttner, mas também na sua própria pesquisa, realizada com a ajuda de uma falante de romani, Barbara Makelin, e apoiada em gramáticas
hindustani. A hipótese teve ampla circulação entre seus colegas acadêmicos. Em
1782, Rüdiger publicou um artigo intitulado "Sobre o idioma indiano e a origem dos ciganos",
[16] no qual compara as estruturas gramaticais do romani com as do
hindustani. Trabalhos seguintes deram apoio à hipótese de que a
língua romani possuía a mesma origem das
línguas indo-arianas do norte da Índia. Baseado no dialeto
sinti, este é o primeiro esboço gramatical acerca de uma variedade do romani, e é também a primeira comparação sistemática do romani com outra
língua indo-ariana.
[17]
Origem e migrações
Os
roma originaram-se de populações do noroeste do
subcontinente indiano, das regiões do
Punjab e do
Rajastão, obrigadas a emigrar em direção ao ocidente, possivelmente em ondas, entre
c. 500 e
c. 1000
d.C.. Iniciaram a sua migração para a
Europa e
África do Norte, pelo
planalto iraniano, no
século XI, por volta de
1050. A saída da Índia provavelmente ocorreu no contexto das invasões do sultão
Mahmud de
Ghazni (região do atual
Afeganistão).
[18] Mahmud fez várias incursões no norte da Índia, capturando os povos que ali viviam. Segundo o antropólogo José Pereira Bastos, professor da
Universidade Nova de Lisboa, no inverno de
1019 -
1020, o sultão saqueou a cidade sagrada de
Kannauj, que era então "uma das mais antigas e letradas da Índia, capturando milhares de pessoas, e vendendo-as em seguida aos
persas". Estes, por sua vez, venderam os prisioneiros como escravos na Europa. No
Leste Europeu, cerca de 2.300 deles foram para a zona dos
principados cristãos ortodoxos da
Transilvânia e da
Moldávia, onde foram convertidos em
escravos do príncipe, dos
conventos e dos
latifundiários.
[19]
Por volta do
século XI a
língua romani apresenta claros traços de
línguas indo-arianas modernas,
[20].
Já no
século XIV, devido à conquista territorial e política de estados indianos, muitas caravanas rom partiram para a
Europa,
Oriente Médio e
Norte da África. É segunda onda migratória, que os
roma denominam
Aresajipe. Um primeiro grupo tomou rumo oeste e atingiu a
Europa através da
Grécia; o segundo partiu para o sul, adentrando o
Império Bizantino e chegando à
Síria,
Egito e
Palestina.
Na Europa, em razão de clivagens internas e da interação com as várias populações europeias, os
roma emergiram como um conjunto de grupos étnicos distintos, dentro de um conjunto maior. Alguns desses grupos foram escravizados nos
Bálcãs, no território da atual
Romênia, enquanto outros puderam se movimentar, espalhando-se principalmente pela
Hungria,
Áustria e
Boêmia, chegando à
Alemanha em
1417. Em
1422 chegam a
Bolonha. Em
1428, já havia ciganos na
França e na
Suíça. Em
1500, surgiram os primeiros ciganos ingleses.
A terceira onda migratória deu-se entre o
século XIX e início do
século XX, da Europa para as Américas, após a abolição da servidão na
Europa Oriental, entre
1856 e
1864. Alguns estudiosos apontam ainda a ocorrência de uma outra grande migração, proveniente da Europa Oriental, desde a queda do
Muro de Berlim.
[21]
Perseguições
Durante as perseguições do
século XV, contra
judeus e
muçulmanos, começa também a caça aos ciganos. Segundo o
antropólogo José Pereira Bastos, professor da
Universidade Nova de Lisboa, "eram considerados vagabundos e delinquentes. Na
Alemanha e na
Holanda, eram exterminados a tiros por caçadores pagos por cabeça. Na Europa, o propósito de extermínio dos ciganos sempre foi muito claro".
[19] Os anos de
1555 e
1780 são particularmente marcados por atos de violência contra os ciganos, em vários países.
A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia que fossem reconhecidos como
grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo tenham sido qualificados como
egípcios. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe no florescimento de lendas e provérbios tendendo a pôr os
roma sob mau prisma, a ponto de recorrer-se à
Bíblia para considerá-los descendentes de
Caim, e portanto, malditos.
[22] Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar
Jesus (ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a
crucificação). Caracterizados pelo nomadismo, o modo de vida dos ciganos e suas condições de subsistência são sempre determinados pelo país em que se encontram: os mais ricos são os ciganos
suecos e os mais pobres encontram-se nos
Bálcãs e no sul da
Espanha.
Embora mantendo sua identidade, em alguns aspectos os
roma revelam grande capacidade de integração cultural: sempre professam a religião local dominante, da mesma forma que suas danças, músicas, narrativas e provérbios manifestam a assimilação da cultura no meio em que vivem. Sua capacidade de assimilar a música folclórica permitiu que muitas peças fossem salvas do esquecimento, principalmente as do
Oeste Europeu. Excluindo as publicações
soviéticas sobre o assunto, existem apenas nove livros escritos em romani.
Durante a
Segunda Guerra Mundial, entre duzentos e quinhentos mil ciganos europeus teriam sido exterminados nos
campos de concentração nazistas. Entre os roma, o massacre é denominado de
porajmos e começou a ser recuperado pela
historiografia apenas a partir dos
anos 1970.
[23]
No dia
2 de abril de
2009, o presidente do
Parlamento Europeu,
Hans-Gert Pöttering, recebeu um prêmio pelo trabalho desenvolvido pelo
Parlamento Europeu na defesa dos direitos da comunidade rom na Europa. O prêmio foi entregue por representantes das principais organizações europeias, em nome da comunidade rom, antes do Dia Internacional dos Roma, que se celebra no dia
8 de abril.
[24] Dos 12 a 15 milhões de roma que vivem na
Europa, 10 milhões vivem em Estados-Membros da
União Europeia, a maioria dos quais adquiriu a cidadania europeia com o alargamento de 2004 e a adesão da
Romênia e da
Bulgária em 2007.
Deportação de ciganos da França em 2010
- Em fins de julho de 2010, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, decidiu, após dois incidentes envolvendo membros franceses da comunidade cigana, promover o retorno em massa dos roma à Romênia e Bulgária, [25] o que suscitou uma grande polêmica .[26]
Demografia
Religião
Os roma não têm uma
religião própria, um deus próprio, sacerdotes ou cultos originais. Parece singular o fato de que um povo não tenha cultivado, no decorrer dos séculos, crenças em uma divindade particular, nem mesmo primitiva, do tipo
antropomórfico ou
totêmico. O mundo do sobrenatural é constituído pela presença de uma força benéfica,
Del ou
Devél, e de uma força maléfica,
Beng, contrapostas, numa espécie de
zoroastrismo, provável resíduo de influências que esta crença teve sobre grupos que, em época remota, atravessaram o
Irã. Ademais, as
crenças ciganas incluem uma série de entidades, cuja presença se manifesta sobretudo à noite. Mas, em geral, os
roma parecem ter-se adaptado, ao longo da história, às confissões vigentes nos países que os hospedaram, embora sua adesão pareça ser exterior e superficial, com maior atenção aos aspectos coreográficos das cerimônias, como as procissões e as peregrinações, próprias de uma religiosidade popular, sobretudo
católica. Um sinal de mudança se dá pela difusão do movimento
pentecostal, ocorrida a partir dos
anos 1950, através da
Missão Evangélica Cigana, surgida na
França. Em seguida a isso, registram-se todavia profundas lacerações no interior de muitas famílias, devido às radicais mudanças de costume que a adesão a essa religião impõe, dada a natureza
fundamentalista do movimento religioso em questão. Tais imposições muitas vezes acabam por induzir os
roma a uma recusa de suas peculiaridades culturais.
Idiomas
A maioria dos
roma fala algum dialeto do
romani, língua muito próxima das modernas
línguas indo-europeias do norte da Índia e do
Paquistão, tais como o
prácrito, o
marati e o
punjabi.
Tanto o sistema
fonológico como a
morfologia podem ter sua evolução facilmente reconstruída a partir do
sânscrito. O sistema numeral também reflete parcialmente o vocabulário sânscrito. Com as migrações, os
roma levaram sua língua a várias regiões da Ásia, da Europa e das Américas, modificando-a. De acordo com as influências recebidas, distinguem-se dialetos asiáticos de europeus. Entre as línguas que mais influenciaram nas formas modernas do romani estão o
grego, o
húngaro e o
espanhol.
[carece de fontes]
Educação
"Aumentar o sucesso dos ciganos , do povo
roma e das crianças nómadas é responsabilidade de todos dentro do sistema de educação, uma importante medida na eficácia das políticas de combate à exclusão escolar e social." Segundo o relatório de
Ofsted de 1999, os alunos ciganos de famílias itinerantes apresentam resultados mais baixos que os de qualquer grupo étnico minoritário e são o grupo de maior risco no sistema de ensino no
Reino Unido. O relatório Swann revela diversos factores que influenciam a formação de crianças ciganas da mesma forma que influenciam outros grupos minoritários étnicos. Entre estes factores, os que têm maior peso foram identificados como o
racismo e
discriminação,
mitos,
estereótipos e a necessidade de uma maior ligação das escolas com os pais das crianças ciganas.
[27][28] [29][30][31]
No Brasil, Mirian Stanescon foi a primeira cigana a a se formar num curso superior. Formou-se em
direito na
Universidade Gama Filho, no
Rio de Janeiro, em
1973.
[32]
Maiores concentrações rom no mundo
Cultura
Debret,
Interior de casa cigana (c. 1820).
Os
roma não representam, como já se salientou, um povo compacto e homogêneo. Mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a
Índia tenha sido fracionada no tempo e que, desde a origem, eles fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes, ainda que afins entre si. O acréscimo de componentes léxicos e sintáticos das línguas faladas nos países que atravessaram no decorrer dos séculos acentuou fortemente tal diversificação, a tal ponto que podem ser tranquilamente definidos como dois grupos separados, que reúnem subgrupos muitas vezes em evidente contraste social entre si.
As diferenças de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a tendência à
sedentarização de outros pode gerar uma série de contrastes que não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente. Em linhas gerais poder-se-ia afirmar que os
sintos são menos conservadores e tendem a esquecer com maior rapidez a cultura ancestral. Talvez este fato não seja recente, mas de qualquer modo é atribuído às condições socioculturais nas quais por longo tempo viveram.
Em comunicação apresentada durante o encontro
Ciganos no século XXI, realizado em
Lisboa, em setembro de 2010, o espanhol Santiago González Avión, diretor da Fundação Secretariado Cigano, na
Galiza,
[56] apontou as divisões entre as próprias comunidades ciganas. "Entre os ciganos de nacionalidade espanhola, a fragmentação é forte.
Galegos e
castelhanos dividem-se. E há
discriminação também entre os ciganos
transmontamos, de nacionalidade portuguesa, e os
espanhóis", apontou González. O documento também denuncia a situação de pobreza e
exclusão social destes grupos.
[19]
Uma jovem cigana húngara executa uma dança típica.
Quanto aos
roma de imigração mais recente, nota-se, ao invés, uma maior tendência à conservação das tradições, da língua e dos costumes próprios dos diversos subgrupos. Sua origem, de países essencialmente agrícolas do
leste europeu, favoreceu certamente a conservação de modos de vida tradicionais. Antigamente era muito respeitado o período da gravidez e o tempo sucessivo ao nascimento do herdeiro; havia o conceito da impureza ligada ao nascimento, com várias proibições para a parturiente. O aleitamento ainda dura muito tempo, às vezes se prolongando por alguns anos.
No casamento, tende-se a escolher o cônjuge dentro do próprio grupo ou subgrupo, com notáveis vantagens econômicas. É possível a um rom casar-se com uma
gadjí, isto é, uma mulher não-rom, a qual deverá porém submeter-se às regras e às tradições rom. Vige naturalmente o
dote. No grupo dos sintos, geralmente o casamento é precedido pela fuga do casal. Aos filhos é dada uma grande liberdade, mesmo porque logo deverão contribuir com o sustento da família e com o cuidado dos menores. No que se refere à morte e aos ritos a ela conexos, o
luto pelo desaparecimento de um companheiro dura em geral muito tempo. Entre os sintos parece prevalecer o costume de se queimar a
kampína (o
trailer) e os objetos pertencentes ao morto. Entre os ritos fúnebres praticados pelos
roma está a
pomána, banquete fúnebre no qual se celebra o aniversário da morte de uma pessoa. A abundância de alimento e bebidas exprime o desejo de paz e felicidade para o defunto.
Além da família extensa, entre os
roma encontramos a
kumpánia, ou seja, o conjunto de várias famílias (não necessariamente unidas entre si por laços de
parentesco) mas todas pertencentes ao mesmo grupo, ao mesmo subgrupo ou a subgrupos afins.
O nômade é por sua própria natureza individualista e mal suporta a presença de um chefe: se tal figura não existe entre os
roma, é entretanto devido o respeito para com os mais velhos, que sempre são solicitados a dirimir eventuais controvérsias.
Entre os
roma, a máxima autoridade judiciária é constituída pelo
krisnitóri, isto é, por aquele que preside a
kris. A
kris é um verdadeiro
tribunal rom, constituído pelos membros mais velhos do grupo, que se reúne em casos especiais, para resolver problemas delicados, envolvendo controvérsias matrimoniais ou ações que resultem em danos a membros do grupo. Na
kris podem participar também as mulheres, que são admitidas para falar. A decisão cabe aos anciãos designados, presididos pelo
krisnitóri. Ouvidas as partes litigantes, é punida a parte culpada.
Em tempos recentes a controvérsia se resolve, em geral, com o pagamento de uma soma proporcional ao tamanho da culpa. No passado, se a culpa era particularmente grave, a punição podia consistir no afastamento do grupo ou, às vezes, em castigos corporais.
Ciganos famosos
- Mircea Lacatus, escultor cigano, formado pela Universidade Nacional de Arte, em Bucareste, Roménia.
- Ceija Stojka, escritora austríaca, foi a primeira escritora de etnia cigana a escrever um livro sobre o Holocausto.
- Juana Martin Manzano, designer de moda espanhola, ganhou vários prémios no mundo da moda.
- George Bramwell, jornalista da BBC, escritor de livros de história natural.
- Jarmila Balazova, jornalista e editora checa de etnia cigana.
- Alija Krasnici, escritor da ex-Iugoslávia.
- Ricardo Quaresma, futebolista português.
- Zlatan Ibrahimovic, futebolista sueco.
- Eugene Hütz, cantor e ator ucraniano.
São várias as pessoas de etnia cigana que, em diversas partes do mundo, destacaram-se em áreas tão diversas como literatura, escultura, música, desporto ou ciências. Outras pessoas como o actor
Michael Caine, Sofia Kovalevskaya ou o prémio Nobel Schack August Steenberg Krogh têm antepassados ciganos.
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